Durante boa parte da nossa história, o homem teve um acesso restrito às informações — na Idade Média, por exemplo, livros eram exclusividade dos nobres e clero. Desde o Iluminismo, porém, a tendência de valorização do conhecimento e do acesso à informação transformou profundamente nossa sociedade.
A trajetória dos veículos de comunicação de massa começa no século 15, com a invenção da imprensa por Gutenberg. A partir do século 19, com a máquina de impressão a vapor, os jornais se popularizaram e essa tendência do crescimento exponencial da comunicação atrelada à evolução tecnológica se confirmou. Desde então, e até o fim do século 20, observamos as eras do jornalismo impresso, do rádio e da TV, sempre com um elemento em comum: eram poucos os produtores de notícias e muitos os seus consumidores, em uma relação unilateral.
Existem muitas teorias (como as de pensadores da Escola de Frankfurt) que relacionam o controle das informações à manipulação da massa, usando os veículos de imprensa para isso. Não à toa, em 100% dos regimes totalitários do século 20 havia o controle estatal dos meios de comunicação, a censura e a caça à liberdade de imprensa, o que comprova a ideia do filósofo francês Michel Foucault de atrelar o conhecimento e a informação ao poder.
Vale destacar que as notícias falsas sempre circularam, seja por meio de boatos boca a boca, seja em jornais pouco afeitos à apuração (ou aqueles usados deliberadamente com o intuito de manipular). Também por isso, a ética na imprensa é tão importante, porém, nem sempre foi respeitada.
Nas últimas décadas, a internet representou um rompimento com essa antiga relação de poder. Em função do advento das redes sociais, por exemplo, qualquer usuário pode ocupar a posição de produtor de informação e alcançar um público imensurável. Assim, posts em blogs, no Facebook, tuítes, mensagens no Whatsapp, vídeos no YouTube e vários outros formatos dão suporte a notícias, opiniões e comentários de pessoas comuns, pulverizando o que antes era exclusividade de empresas e conglomerados jornalísticos.
A multiplicação das notícias falsas
Dito tudo isso (a introdução está longa, mas essa contextualização precisava ser feita), estamos diante de um novo problema: a multiplicação das notícias falsas, também chamadas pelo termo em inglês fake news. Se antes o problema era a dificuldade de acesso, hoje nos vemos perdidos em meio à quantidade de informação disponível.
Assim, em busca de cliques e de audiência, há pessoas mal intencionadas que usam a boa fé da audiência para espalhar notícias mentirosas pelas redes. Há interesses econômicos (como a monetização desses cliques) e políticos (como a destruição de reputações de candidatos) em jogo. O fato é que nunca se compartilhou tantas notícias falsas como atualmente.
Existem, inclusive, sites brasileiros especializados em notícias falsas — o jornal “Folha de S. Paulo” identificou, no interior de Minas Gerais, um dos responsáveis por manter uma “fábrica” de notícias falsas do mundo da política — e que atende às audiências da direita e da esquerda, mostrando que a ingenuidade do público acontece dos dois lados do espectro ideológico.
Para além disso, existem pessoas que, ao se beneficiarem deste tipo de publicação, ajudam a espalhar o conteúdo, mesmo sabendo que se trata de uma mentira. Ou fazem de tudo para justificar uma mentira, conceito que ficou conhecido como “pós-verdade”.
Há um órgão vinculado à Universidade de São Paulo (USP) que acompanha a publicação e a viralização de notícias políticas nas redes. O Monitor do debate político no meio digital mensura o alcance de notícias verdadeiras e falsas compartilhadas nas redes sociais e, não raro, verifica que a quantidade de notícias falsas em circulação é muito maior do que a de verdadeiras. Períodos críticos, como os dias que antecederam o impeachment de Dilma Rousseff, são exemplos disso.
As consequências da veiculação dessas notícias são gravíssimas — nos Estados Unidos, por exemplo, atribui-se a eleição do republicano Donald Trump à Presidência do país pela profusão de material falso sobre sua adversária, Hillary Clinton. No Brasil, podemos destacar o caso do linchamento de uma mulher no Guarujá, que teve início com um boato no Facebook — uma notícia falsa de que uma sequestadora de crianças agiria na cidade.
O problema é tão sério que a Alemanha decidiu agir contra as plataformas que ajudam na veiculação de conteúdo noticioso falso, anunciando pesadas multas para redes como o Facebook, caso não ajam para reduzia quantidade de material falso em circulação.
Vamos escrever?
Para a sua redação, é preciso pensar que o público forma suas opiniões baseando-se em informações que consomem nas redes. Acreditando nelas, portanto, pautam suas ações e posicionamentos. Qual o resultado disso quando essas notícias são falsas?
Texto 1. Fake news: como não cair
Texto 2. Como funciona a engrenagem das notícias falsas no Brasil
Texto 3. Mentiras em rede
Texto 4. Facebook na Alemanha diz que reduzirá notícias falsas em semanas
Texto 5.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Os efeitos do aumento da circulação das notícias falsas na sociedade brasileira contemporânea”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
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Acabo de fazer Vunesp Santa Casa e caiu exatamente este tema
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Acompanhamos, Paola! A diferença é que o vestibular cobrou um recorte relacionando a prática do jornalismo com a era da pós-verdade, destacando os desafios da profissão. No nosso entendimento, trata-se de um tema muito mais complexo do que o postado aqui, que busca discutir os impactos das notícias falsas na sociedade. Esperamos que, se cair esse tema no ENEM, seja com um viés mais simples do que o cobrado na Santa Casa 🙂
Obrigada pelo seu comentário!
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